“Eis o malandro na praça outra vez, caminhando na ponta dos pés, como quem pisa nos corações...”
É galera, ele – “o malandro” – está de volta. Mas dessa vez ele não veio na ponta dos pés, mas pelo andar da carruagem pisará novamente – com o nosso consentimento – em nossos corações.
Nesta semana, recebemos a grande noticia do novo presidente da comissão de infra-estrutura do senado. Eu jurava que depois da noticia ia entrar aquele rapaz alegre dizendo: “Pegadinha!!!” Fiquei procurando, tentando achar as câmeras escondidas, esperando alguém chegar para dizer a verdade, ou ainda alguem que dissesse que era tudo uma grande brincadeira. Esperei, esperei e nada.
Na Quinta -feira, dentro de sala de aula, fui pego de surpresa ao comentar sobre o acontecimento da semana relembrando – sem sucesso - a história do "impeachment" com os meus alunos. Surpresa dupla na verdade.
A primeira triste surpresa, foi saber que de fato estou mesmo ficando velho. Eu fui um “cara pintada”, ainda criança fui as ruas e gritava: “fora...fora...”, e achava fantástica, difícil e interessante aquela nova palavra – ainda que não soubesse exatamente o que ela significava – que era repetida constantemente na TV e nos outros seguimentos de informação.
A segunda grande surpresa – tão triste quanto à primeira - foi saber que a maioria dos alunos – entre 16 e 18 anos de idade – não conheciam o “dito cujo”, nem sequer a história, menos ainda o que quer dizer impeachment.
Pára tudo. Vamos calcular que o caso é grave.
O “lance” aconteceu entre 1990 e 1992 – a 19 anos -, a maioria dos eleitores são adolescentes, com 16 anos já se pode voltar, nosso regimento entende que nesta idade já se tem responsabilidade para decidir o “futuro do país”, porém, eles não tem responsabilidade para responder pelos seus erros, para guiar um veiculo. (?)
Vamos continuar a conta. Se são eles que votam, que decidem, e que não conhecem a história. O “barão da ralé” foi malandro novamente. Deixou balançar a maré, a poeira assentar no chão e quando a praça virou um salão... Olha ele ai novamente!
É isso ai amigos. Viva o desconhecimento!!!
Continuem “odiando política”, fugindo do assunto, achando tudo isso “muito chato”, sem graça e desinteressante. No final, nós, juntos, veremos onde iremos chegar - NOVAMENTE -. Nas mãos do “malandro”.
Sandro Braga.
A Volta do Malandro
Chico Buarque
Composição: Chico Buarque 1985
Eis o malandro na praça outra vez
Caminhando na ponta dos pés
Como quem pisa nos corações
Que rolaram nos cabarés
Entre deusas e bofetões
Entre dados e coronéis
Entre parangolés e patrões
O malandro anda assim de viés
Deixa balançar a maré
E a poeira assentar no chão
Deixa a praça virar um salão
Que o malandro é o barão da ralé