Desordem do Amor

Olhar, conhecer, falar e tocar;
Reconhecer, se encontrar e se perder.
Se apaixonar, viver, decepcionar, perdoar, se perdoar;
Tornar-se amigo, brincar, beijar, abraçar, se amar, amar e pra sempre amar.
Plano pronto para o destino, sonho sonhado acordado - de lhos fechados pela ilusão - ordem perfeita para o coração.
Nem sempre o amor cumpre o roteiro, na verdade quase nunca.
Pois veja:
Se já nos abraçamos sem paixão, nos beijamos sem se perder, nos decepcionamos sem nos falar, nos olhamos sem sorrir e ainda assim reconhecemos ser amor.
Se já fomos amigos sem nos tocar, vivemos juntos sem sequer conhecermos um ao outro de fato, se já brigamos sem se encontrar e mesmo assim nos desculpamos por ser amor e nos amamos, amamos e amamos, não importa o planejamento do destino.
Escolhemos entrar em um barco a vela sem rota, sem rumo sem regra. Simplesmente navegamos. Tentando encontrar uma história perfeita em uma ilha perdida, linda, de vento leve e doce (como cheiro de chuva). Eu, você, corpo, alma e sonho. Apenas nós e a desordem.
Pois as histórias – sobretudo as de amor – seguem por mares confusos. Por vezes bravios, ora de marés favoráveis, e nem sempre fazem sentido ou nem mesmo chegam a tal ilha. Mas sem duvida é nessa desordem que o amor sabe e gosta de navegar.


Sandro Braga.