O leite derramado!

Já falei aqui sobre infância e essa semana eu vou falar da fase mais complexa de todas: A adolescência.
Fase indecisa, de transformação e principalmente de auto-afirmação. Uma fase em que se discute muito, em que temos idéias revolucionárias e que acreditamos que todas as mudanças do mundo dependem da gente.
Assim é a adolescência, vive-se intensamente cada momento, cada sentimento, vive-se cada dor, cada amor. Vive-se, porém, não se percebe. Assim como na transição da infância para adolescência perdemos a inocência – ou grande parte dela -, da adolescência para a fase adulta também perdemos algo precioso que precisamos ter a sorte – e orientação quando possível – de regar bem essa “sementinha” durante esse período para não deixarmos essa “flor” chamada ilusão esvair-se e perde-la de vez.
Primeiro perdemos a inocência, depois a ilusão, a terceira grande perda eu ainda não sei – pois ainda não cheguei lá – mas provavelmente, assim como acontece em todas as outras transições, só irei perceber quando passar por ela. Por isso temos tanta saudade da infância, da adolescência, dos tempos que sabemos que não voltam mais. Por isso também, temos a exata noção do valor que vivemos – ou deixamos de viver – nessa fase. Quem deixou passar, “já era”.
Não adianta tentar viver hoje o que foi perdido no passado. O importante e entender que cada fase deve ser vivida e curtida ao máximo, saber que o passado é história, o futuro incerteza e o hoje é divino, gratuito, talvez por isso se chame “presente”. Enquanto a gente não entender isso, estaremos sempre usando o amanha pra resolver o que deixamos de aproveitar hoje.
Como dizia vovô Armando: “Ao invés de chorar o leite derramado, aprenda a carregar a xícara!”. Ai sim poderemos dizer de boa cheia: “Tempo bom!!!”, e não toda hora reclamar do que ficou pra traz dizendo: “Ah se eu tivesse 18 anos!”


Sandro Braga.

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