Palavras para entender

Quem disse que palavras o vento leva...? Que bobagem!
Não há nada mais brilhante e nem mais forte do que a memória. Logo, para as feridas, para os traumas, para qualquer tipo de enfermidade existem a cura ou medicamentos. Para a palavra, não.
A palavra fica. É imortal, intocável, imune a qualquer tipo de antídoto.
Ela atinge a alma, não a carne. Invade e se perpetua em pensamentos constantes que, vez ou outra, levantam questionamentos e lembranças daquelas “combinações de letrinhas mágicas” que podem despertar todo e qualquer tipo de emoção. Talvez por isso a boca tenha buscado na face o meio termo e o local perfeito para encontrar o equilíbrio das coisas. Ficando um pouco abaixo do cérebro, dono da razão; e pouco acima do coração, mestre da emoção. Juntando e equilibrando os dois – antes de arremessar baboseiras por aí – dificilmente ferimos alguém e conseguimos preservar a memória e a alma.
Quando pendemos para um desses extremos, inclinando as palavras para uma só direção, a coisa costuma complicar. Podemos curtir dias de pura emoção e esquecer que nem só de alegria se vive a vida. Ou então, podemos soltar as palavras como os donos da razão e perpetuar as nossas imbecilidades no ar e na alma de quem as ouve, ferindo a memória para sempre sem levar em conta de que as benditas – ou malditas – palavras também carregam emoção.
Cuidado, cautela, polidez, EDUCAÇÃO, chame do que quiser, mas é disso que precisamos.
Precisamos entender e aprender a usar a arma mais poderosa de todas. Aquela que fere a alma.
Precisamos entender e aprender a usar o canal da razão e da emoção.
E precisamos entender o motivo da existência dos gestos, dos sorrisos, da beleza do olhar, mas acima de tudo, precisamos entender e aprender para que serve o silêncio!

Sandro Braga.

Circo

Pensei em um dia levar meu filho ao circo, assim como meus pais fizeram comigo na minha infância querida.
Fechei os olhos e me imaginei chegando lá com a satisfação de um pai que mostra uma grande novidade ao filho, e ele com a curiosidade habitual de qualquer criança.
Ao chegar, percebi de imediato a ausência do moço vendendo cachorro-quente na fila. Logo fui informado de que ele foi proibido e a trupe multada pela saúde publica devido à carrocinha de venda enferrujada e, em especial, pelo estado do katchup.
Aproveitei para perguntar ao rapaz (que rapaz?)se existia a possibilidade de tirar fotos com o domador depois da apresentação: sempre o admirei pela coragem.
Ele me respondeu que o domador tinha perdido o emprego devido aos maus tratos e que, por esse motivo, eles não apresentavam mais nenhum número com animais.
Assuntado, perguntei: “E o mágico, como fará sem os pombos e os coelhos?”
“Senhor, perguntei o mesmo ao patrão e ele disse que de mágico aqui bastava ele”, respondeu com tristeza. Completou repetindo as palavras do patrão: “mágico sou eu, o dono do circo, que diante de toda dificuldade de se viver de arte no Brasil, ainda insisto e resisto dentro das minhas fantasias, mesmo com todas as barreiras impostas pela tecnologia burra do dia a dia.”
Antes que eu perguntasse, percebi fotos da festa de despedida do trapezista como forma de propaganda do circo. Ele era tão bom que acabou indo fazer parte de um grupo famoso no exterior.
“O que é de fora é mais valorizado”, disse-me o rapaz como se estivesse lendo meus pensamentos.
Explicou-me também que o homem que cospia fogo deixou de se apresentar, pois devido à falta de artistas, ele mesmo fazia o número da motocicleta e com medo de ser pego pela lei seca, precisou abandonar o número e passou a trabalhar como voluntário para o AA, já que o número da motocicleta no círculo de fogo tivera sido embargado pela defesa civil. “Trabalhos voluntários dão mais dinheiro”, declarou com ar de deboche.
Conformado com tudo, perguntei por aqueles que me encantaram todas as vezes que fui ao picadeiro, tinha certeza de que esses não abandonariam nunca. Os palhaços.
Respondeu-me o atencioso rapaz: “...esses são mais fáceis de o senhor encontrar, mas não aqui. Todos eles foram para Brasília já faz algum tempo, estão todos atuando por lá, ocupadíssimos, reconhecidos, e muito bem remunerados!
Vendo que tudo se transformou em coisas sérias demais, achei melhor voltar pra casa, pedir um pizza e assistir a algum desenho japonês. Naquela noite, o episódio fez todo sentido, e eu finalmente entendi a razão de tanto sucesso.
Quanto aos palhaços, eu tinha certeza que os conhecia de algum lugar...
...que falta fazem os narizes vermelhos!

Sandro Braga.

Resgate da Ordem

Quem entende o nosso armário. Na verdade, apenas nós mesmos entendemos de fato a nossa própria bagunça. Por mais que as pessoas tentem ajudar a decifrar a verdadeira “obra” que conseguimos realizar a cada dia, é difícil, senão impossível, mostrar o quanto é complexa a situação. Talvez por isso mesmo seja tão prazeroso o que gosto de chamar de “resgate da ordem”.
Na nossa vida é a mesma coisa. Por vezes nos encontramos em situações que jamais imaginávamos, situações realmente desesperadoras, e percebemos que igualmente aquele tumulto do armário no nosso quarto, estas dificuldades também são “obras” nossas.
Passamos dias acumulando problemas, incertezas, julgamentos - assim como as roupas largadas e amontoadas de cada dia – e, quando abrimos o “armário da vida”, nos deparamos com quadros monstruosos e aparentemente, como tudo na vida, sem solução.
Para nossa sorte existem anjos. Anjos que motivam, transformam e nos dão coragem de arregaçar as mangas para “mergulhar” no armário e ir bem fundo na arrumação. Esses anjos também nos explicam que dificuldades e problemas aparecem justamente para testar o nosso poder de superação, testar nossas crenças e mostrar que todas as barreiras criadas por nos – as mesmas pelas quais culpamos a vida – estão à nossa frente para mostrar o quão alto sabemos e podemos saltar.
E depois de toda poeira, depois de “resgatar a ordem”, o resultado final, o importante de tudo é a lição simples, manjada daquela velha frase que mamãe dizia: “... tudo tem o seu devido lugar... Pode arrumar!”.

Sandro Braga.

Setembro

Ola, pessoal...
No ultimo mês infelizmente não tivemos publicações.
Estive ocupado com transformações e emoções indescritíveis na min há vida. Enfim meu filho nasceu!!!
A minha felicidade chegou com 3,2kg no dia 12 de setembro.
Agradeço a todos que continuaram acessando o nosso blog e que de alguma forma mandaram energias positivas e demonstraram todo o carinho e preocupação nessa minha nova jornada como pai.
Um grande abraço a todos e muito obrigado!!!

Voltemos ao hábito!!!

Sandro Braga.