Brechó

Até bem pouco tempo, jamais tinha entrado em um brechó. Achava eu – de forma equivocada, percebo agora – que o que se encontrava naqueles lugares incomuns, com aparência gasta, geralmente com roupas e apetrechos desordenados e amontoados logo na porta, seria nada mais do que as mesmas coisas que encontro facilmente no fundo das gavetas do meu armário, no quarto de guardados lá de casa – o qual eu não arrumo há anos - , ou ainda naquele lugarzinho esquecido em cima do armário.
Acreditava ser um lugar de coisas velhas, objetos dos quais o tempo já se encarregara de depositar no ostracismo.
Pois bem, esta semana, em busca de coisas novas – vá entender... – com um tom de ironia guardado no peito e um sorriso debochado, cheio de preconceitos, escondido no canto da boca, tomei coragem e entrei em um brechó pertinho de casa. De cara, percebi alguns livros de capas desgastadas, páginas amareladas e logo concluí, com preconceito já esperado: “... livros antigos... assuntos mais antigos ainda!”. Continuei passeando pela loja pensando: “... Roupas aqui? Nem pensar!”
Surpresa!
Para resumir, saí de lá com duas sacolas de roupas – a maioria para presentes – apetrechos de decoração, e alguns bons livros, que agora eu prefiro classificar como Clássicos Históricos.
Porém, além das belas aquisições, o que trouxe de mais valioso daquela lojinha largada nos fundos, pra lá da esquina, foi a experiência e o aprendizado de que tudo, absolutamente tudo, quando utilizado com bom gosto, sem preconceitos, atitude e boa vontade, tem seu lugar no tempo. Quanto a esse papo de velho e de novo, ele só serve para limitar nossas bestas convicções de entendimento em relação ao tempo. O que separa o novo do velho é o ato de conhecer.
Já leram “O Príncipe” de Machiavelli? Ele escreveu há mais de 100 anos.
Não leram?
Então é novo pra vocês.
Enfim. Novo é tudo aquilo que não conhecemos!

Sandro Braga.

1 comentários:

Lu Mondaini disse...

O livro "O Principe" que voce leu...Presente do brecho!