Ao Mestre com carinho.

Foi-se o tempo em que chamávamos o mestre de mestre. Mestre mesmo, daqueles com letra maiúscula e boca cheia, sem deboche. Foi-se junto o tempo onde existia um amor, uma relação de entrega entre aluno e professor. Essa relação era quase um casamento, o professor acompanhava o crescimento do aluno independente se esse continuasse sendo de sua classe. Participava os acontecimentos da escola à família do aluno no breve encontro na hora da saída. E o aluno, por sua vez jamais se esquecia das coisas que aprendera com professor. Aquele professor inesquecível, que lhe ensinou muito mais do que estava nos livros, aquele que era a extensão da educação de sua casa.
A banalização da educação passou por livros mal cuidados, formato de ensino ultrapassado, má formação dos professores, estruturas precárias entre outros desleixos que valeria a pena enumerá-los aqui, um por um, porém, confesso com tristeza que certamente esqueceria muitos entre os tantos a listar. Até que enfim chagamos a perder o que era pra ser a base e a finalidade de tudo, sobretudo para o mestre. A educação.
Sim, a educação, que por muitas vezes achamos que é o mínimo que as pessoas deveriam ter com as outras. É a mesma que – não é de hoje - ouvimos dizer ser a máxima prioridade e que não vemos sequer a dignidade dos que falam.
Não cabe aqui dizer que educação vem de casa, ou que os tempos são outros ou ainda que isso é tarefa dos “Fulanos de tal”. Sabemos juntos que as coisas já não andam como deveriam, sabemos a quem de direito devemos cobrar, sabemos até como deveria ser feito. O prestigio salarial já não existe faz tempo, mas muitos, senão a maioria, ainda se confortam com o titulo de mestre e o respeito de ser professor.
O resultado é o que vivemos hoje, aquele casamento já não existe mais, o amor acabou, o professor inesquecível já não esta mais na sala. O desgaste dessa relação sem estrutura, sem respeito, sem conhecimento atingiu o limite do absurdo e beira a raiva. E ao mestre, que todas as sortes de recursos lhes foram roubados, inclusive a graça de ser Mestre, nos resta desejar que lhes permitam ainda o sentimento de carinho.

Dedicado à Prof. Valéria Tostes
Sandro Braga.

1 comentários:

Valeria Tostes disse...

Meu querido e eterno aluno Sandro, somente agora tive a oportunidade de te reencontrar e poder receber esse presente, o que faço com grande alegria e carinho. Como você bem escreveu, o prestígio de outrora já não se faz mais presente, mas te digo, nada tem mais valor do que o carinho e o reconhecimento de nossos alunos, principalmente depois de tanto tempo passado desde nossos encontros em sala de aula. Obrigada do fundo do meu coração.
Valeria Cardoso